30 de junho de 2010

"Pra mim, ele não tem mais nome, não tem mais rosto, não tem mais nem registro de saudade. Eu não lembro de mais nada do jeito dele e não faço idéia do tom de voz que ele tem. Ele ficou no passado de verdade, com todo o esquecimento que o tempo é capaz de conferir à coisas que foram, mas deixaram de ser. A questão aqui não é o que eu sinto ou senti por ele, mas é o que dele sobrou em mim."
Não que fosse impossível, mas como amar alguém que não ouve a mesma canção? Como amar alguém que não decifra o que há na música, que não entende só a melodia, que não vê a poesia na letra e se emociona? Como não perceber as possibilidades de um amor louco ou breve na canção que se descreve? Como não precisar quando a voz vibra de saudade ou de dor? Não se ama alguém que não ouve.

Não se planeja uma vida com alguém que não ouve a mesma canção, não se preocupa com a poesia, que não a entende, nem a sente, nem a perpetua. Vida sem poesia, não sobra nada, nem amor para o próximo dia. Não se ama alguém que não tenha um livro de Lya Luft, um cd do Chico ou de Maria Bethânia, um quadro na parede e um amor do passado. Aliás, não se ama alguém sem passado, sem história, sem uma saudade de alguma coisa que até quando você olha nos seus olhos sente arder. Quem tem saudade, tem alguma coisa boa que vem desde muito tempo. Não se ama alguém pronto, alguém preparado, alguém seguro de tudo. Só se ama alguém que ainda podemos ver crescer, crescer junto com o que também queremos ser.
Não se entrega um sonho nas mãos de alguém que não ouve a mesma canção, de alguém que não ocupa o teu pensamento todo, e não te retribui em dobro o gesto e o riso. Não se ama alguém que não lê jornais, que não come besteiras, que duvida no toque do telefone. Não se ama alguém que não conhece teu perfume, teu prato e teu lugar preferido. Que não percebe que teu temperamento não é teu signo, que não acredita no que você daria a vida. Não se ama alguém em quem não se confia de olhos fechados e de coração aberto.

Não se apaixone por alguém que não ouve a mesma canção, nem goste de matinês e cafeterias. Não se ama alguém que não tenha plantas em casa, não use tapete na porta de entrada e não tenha talheres de inúmeras cores. Não se ama alguém que derrete na chuva e se torra no sol. Não se ama alguém que não viaja, que não planeja, que não tenha expectativas, nem que sejam mínimas e tolas. Não se ama quem fala pouco, quem gesticula antes da palavra e que não cante junto com a música.

Não se ama quem nunca quebrou um copo, quem nunca esqueceu as chaves, quem está satisfeito com a cor da sala, quem não tem compromisso, quem perde a hora, quem joga extratos fora, quem se muda toda hora, que não tenha manias, que não acorde com o rosto amassado de manhã. Desconfie se não te olhar nos olhos, se não te der segurança no dar das mãos, se mudar de assunto no domingo de manhã e principalmente, com toda certeza, desconfie, mude, termine se não ouvir a mesma canção.
'Então, o que devo fazer é esperar. Sem desespero, sem melodrama, sem niilismo - esperar. Mas até quando, meu Deus, até quando?'
"Independente de tudo o que existe,
 é o amor que transforma, irrita, movimenta, embeleza, enfeia, impulsiona, destrói, liberta e prende. 

Em sua órbita, apenas distrações."

27 de junho de 2010

"As promessas estão todas aí. Posso escolher aquele que vai me amar incondicionalmente e me colocar num pedestal, que vai tentar encher minha vida de luz e sorrisos e não vai se conformar com minhas meias alegrias. Basta responder um chamado, basta eu dizer sim. Mas tudo que vem fácil, vai difícil. E minhas tentativas de gostar das pessoas já me esgotaram. Não quero começar mais nenhuma relação que eu já conheço o script: eu me encanto, ele se apaixona, eu me esforço pra gostar, ele tenta me conquistar, eu me culpo, ele sofre. Tudo isso gasta energia, me desilude e me deixa cada vez mais fechada. Fico achando que então devo me interessar pelos que não vão gostar de mim logo de cara, porque aí eu é que sofreria e quem sabe assim eu conseguisse me fixar.
E a razão vai tomando conta de mim de novo. Como vou tropeçar se sempre calculo meus passos? Como vou me entregar se sempre calculo meus braços? Eu não vejo mais encanto em ninguém, não me iludo por palavras que teriam tudo pra me agradar. E eu quero mesmo é o complicado. Aquele que não olha em volta porque tomou o maior pé na bunda da história e não quer mais saber de mulher. Aquele que minha família odiaria e que em pouco tempo eu enjoaria porque não tenho assunto pra falar, mas que na verdade não faço questão que abra a boca pra isso. Eu quero o esquisito. Aquele que não me faz preocupar com concorrência porque eu sou a única que viu e gostou. Que se fecha tanto no seu mundinho que nem percebe minha existência.
E de repente, o complicado se torna fácil. Olhou pra mim, esqueceu a ex, aprendeu a gostar do que eu gosto. Virou só mais um final. Já deu tempo de me apegar, de ficar com medo de terminar. Mas não tem jeito: nessa história toda, a única complicada sou eu."

26 de junho de 2010


"- Gosto de ti sempre, seja quais sejam as notícias. Não te quero agradável, não te quero bela, te quero bem, te quero inteira, Luísa.
- Meu inteira é sempre meio doloroso..."

(Cadernos de Luísa, VSM)
"Procure pensar nos motivos, dizia a mim mesma. Procure, Isadora Wing.
(...) Eu: - E você sabe que homens e mulheres jamais poderão possuir-se, uns aos outros, por completo.
Eu: - Sei.
Eu: - E você sabe que detestaria ter um homem que a possuísse por completo e usasse o seu espaço mínimo de respirar...
Eu: -Sei... mas anseio desesperadamente por isso.
Eu: - Mas se você o conseguisse, ia sentir-se presa...
Eu: -Sei.
Eu: -Você quer coisas contraditórias.
Eu: -Sei.
Eu: -Você quer liberdade e quer também proximidade.
Eu: -Sei.
Eu: -Pouquíssimas pessoas encontram isso.
Eu: -Sei".

(Medo de Voar, Erica Jong, pgs.285-286)
"Mau-humor, dor de dentro e desânimo, eu resolvo com abraços."

"Porque talvez esse seja o único remédio quando ameaça doer demais : 
Invente uma boa abobrinha e ria,
feito louco,
feito idiota.
Ria até que o que parece trágico perca o sentido 
e fique tão ridículo que
 só sobra mesmo a vontade de dar
 uma boa gargalhada."

25 de junho de 2010

(...) Ela chorou três litros de lágrimas tristes de verdade na minha frente e eu, simplesmente, não soube o que dizer. Fiquei parada tentando usar alguma eloqüência pra explicar que ela não precisava chorar por ele. Ele não merecia, ele não sabia, ele era só mais um babaca, só mais um cara que mente, que some, que liga pra manter quente, pra não perder a possibilidade sempre que tiver vontade. Tentei falar que ele era só mais um homem, como são todos os outros, e que, um dia, ela acharia alguém que não ia mais fazer ela se sentir assim.

Quando eu percebi, éramos as duas babacas em prantos. Chorando por todos os fantasmas do passado que não mais estão aqui mas que, também, nunca vão embora de vez.

A pracinha, a avenida, as ruazinhas, as lanchonetes, os lugares de segredo, o meio fio, os cachorros, tudo tão diferente. Mas tudo continuava lá.

E dessa vez, quem foi embora fui eu. Porque, afinal de contas, se a vida andou sem mim, não faz sentido nenhum eu parar por alguém que eu, em algum momento, resolvi deixar pra lá.

"...Eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo."



"Uma vez me disseram que a proporção de tristeza em cada menina estava diretamente ligada com a beleza dela: quanto mais bonita, mais triste. Quanto mais enfeitam para atrair olhares, mais olhares vazios elas conseguem..."
"A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não."

Quem me garante?
"Vim aqui me buscar porque a vida se tornou tediosa demais. Opaca demais. Cansativa demais. Encolhida."



demais demais demais demais
Eu que não gosto de maquiagem, me deixei pintar...

"Não sabia que gostava de circo, amor?!"

Sorriu... Um riso que fere. Pensei.

E o franzir da testa me traiu: Vocação pra ser Palhaço?!! Será?!

Mas com doçura ele disse:
"-Ah, sai com água..."

E desde então tenho chorado...

- Não!! Não sai com água!!  Sai com o tempo?!!

Ah, Sim. Haveria de sair...é o tempo que permite ao mar lentamente esculpir a pedra... Sorri. Consolada.

Houve diversão? houve sim Senhor!

Mas agora havia a dor... ou seria apenas vaidade ferida?!

não tenho que me acostumar com isso, nem vou (:
"Eu não procuro alguém pra pentencer e ter posse, só quero uma fonte segura de amor que não dependa das obrigações, das falas decoradas, dos scripts prontos. Eu sei que eu abri mão de várias oportunidades. Sei que fiz pouco caso do amor que me entregaram de maneira pura e gratuita, só porque eu achava que podia encontrar coisa melhor. Se as pessoas estão sempre indo e vindo, eu só queria alguém minimamente eterno em sua duração, que me fizesse parar de achar normal essa história de perder as pessoas pela vida."
Você foi covarde. Seu amor é forte, seu corpo é fraco. Você foi covarde como tantas vezes fui por acreditar que a coragem viria depois. A coragem não vem depois. A coragem vem antes ou não vem. Não posso amaldiçoar sua covardia. Sua boca não é rápida como suas pernas para me agarrar. Minhas pernas não são tão rápidas quanto minha boca para lhe impedir. Você foi covarde. Pela gentileza de sempre dizer sim, repetidos sim, quando não estava ouvindo. Já desfrutei de sua covardia, ríspido recusá-la agora porque não me favorece. Porque não fui escolhido. 

Não aquecerei seu prato para servi-la. Não a ajudarei no parto. Não partirei. Serei aquele que deveria ter sido, enterrado sem morrer, o que desapareceu permanecendo perto. Sou seu constrangimento mais alegre. Sua ferida, seu feriado. Com o tempo, serei sua vontade de se calar. De se retirar da sala. Não conhecerá meus hábitos de puxar o café antes de ficar pronto. De abrir as venezianas como quem procura reunir os chinelos ao vento. Você foi covarde, ninguém iria compreendê-la. Hoje todos a compreendem, menos você mesma. Você não se compreende depois disso. O que é imenso é estreito. O que é infinito fecha. Até o oceano tem becos e ruas sem saída. Até o oceano. Sua esperança não diminui a covardia. Quer um conselho? Finge que a dor que sente é a minha para entreter sua dor. Saudades ficam violentas quando mudamos de endereço. Saudades ficam insuportáveis quando mudamos de sentido.

Você confunde sacrifício com covardia. Compreendo. Eu confundo amor com loucura. Cada um tem seus motivos, sua maneira de se convencer que fez o melhor, fez o que podia. Você me avisou que não tinha escolha. Nunca teria escolha. Você foi educada com a vida, pediu licença, agradeceu os presentes. Confiou que a vida logo a entenderia. E cederia. Engoliu uma palavra para dormir. Não serei vizinho de seu sobrenome. Seus nomes esperam um único nome que ficou para trás. Você não desencarnou, não se encarnou, deixou sua carne parada nas leituras. Morrer é continuar o que não foi vivido. Vai me continuar sem saber. Você foi covarde. Com sua ternura pálida, seu medo de tudo, sua polidez em cumprir as promessas. Você não aprendeu a mentir. Tampouco aprendeu a dizer a verdade. 

O dia está escuro e não soprarei a luz ao seu lado. O dia está lento e não haverá movimento nas ruas. Você não revidou nenhuma das agressões, não revidará mais essa. Você foi covarde. A mais bela covardia de minha vida. A mais comovida. A mais sincera. A mais dolorida. O que me atormenta é que sou capaz de amar sua covardia. Foi o que restou de você em mim.
"A pose toda de mulher e o peso abrupto de carregar o semblante fixo de nunca mais sofrer na vida, na cara, viraram um grande dilema no meio do caminho. Ela jurou um dia pra si mesma, e quem jura não descumpre promessa. Mas tinha um menino no meio do caminho, no meio do caminho tinha um menino e sem se dar conta à primeira vista, ela parou."
"...Passei um tempão incontável da minha vida achando que por mais que eu me esforçasse, eu nunca seria capaz de achar alguém que agüentasse a minha presença porque eu sou mal-humorada e meu cabelo não é tão liso quanto parece. Tinha medo de ser muito forçada na hora de atrair alguém, e acabar repelindo essa pessoa..."
"E eu espantava os caras perfeitos porque eu posso ser tudo nessa vida, menos perfeita. Porque eu sei fazer cara de blasè, mas na maioria das vezes eu faço é cara de nojo mesmo e cuspo pra fora todas as merdas que cuspiram em mim antes, evitando assim morrer de úlcera, morrer de tanto engolir e engasgar com as mesmas merdas que todo mundo engasga enquanto finge que é normal. Eles continuam tossindo com a mão na frente da boca, e eu continuo vomitando minhas verdades por aí, espantando o bíceps robusto e o cabelo com gel pra longe de mim."

22 de junho de 2010

“Saudades ficam violentas quando mudamos de endereço. Saudades ficam insuportáveis quando mudamos de sentido.Você confunde sacrifício com covardia. Compreendo. Eu confundo amor com loucura. Cada um tem seus motivos, sua maneira de se convencer que fez o melhor, fez o que podia.”


Fiz o que pude, não o que eu queria fazer.

10 de junho de 2010

'"Ontem por incrível que pareça todos os lugares que pisei eu te procurei. (…) Fiquei feliz em poder sentir tua falta, - a falta mostra o quão necessitamos de algo/alguém. É assim o nosso ciclo. Eu te preciso. Perto, longe, tanto faz. Preciso saber que tu está bem, se respira, se comeu ou tomou banho - com o calor que está fazendo neste verão, tome pelo menos uns três ao dia, e pense em mim, estou com calor também. Me faz bem pensar nessas atividades corriqueiras, que supostamente você está fazendo. Ah, e eu estou te esperando, com meu vestido curto, óculos escuros grandes e meu coração pulsando forte, e te abraçar até sentir o mundo girar apenas para nós. 

É, eu gosto muito de ti.''
"Se me esqueceres,
só uma coisa, esquece-me bem 
de
va
ga
ri
n


h


  o."

''Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas.”

9 de junho de 2010

"Mas, a verdade é que a gente nunca sabe o que vai no coração do Outro. Por mais perto que se esteja. E eu ando distante. Dele. De mim. Do mundo. O engraçado é que quem olha assim, nem imagina."


8 de junho de 2010

"Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais. Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta."
"(...) não fale, não conte detalhes, não satisfaça a curiosidade alheia. A imaginação dos outros já é difamatória que chegue."

4 de junho de 2010


Todos estão se apaixonando e agindo como idiotas e tolos e doces e malucos, menos eu...
E se eu for apenas uma pessoa fria?
"Ele queria que fóssemos "nós", 
eu queria continuar no "eu"."
- Robin, não sinto que você goste de ficar comigo.
- Eu gosto de ficar contigo
- Não tanto quanto de ficar sozinha...
Você gosta de comer sua comida, dormir na sua cama, fazer suas próprias palavras cruzadas...

1 de junho de 2010

"Quem sou eu? A gente é o que a gente gosta. A gente é nossa comida preferida, os filmes que a gente curte, os amigos que escolhemos, as roupas que a gente veste, a estação do ano preferida, nosso esporte, as cidades que nos encantam."
''Desatar os nós que enlaçam atos e motivos. Fazer as coisas por impulso.

Por que?

Porque às vezes é bom a gente mostrar pra si mesmo quem é que manda aqui. ''